Relatório fiscal do 1º quadrimestre expõe rombo deixado por administrações passadas e revela esforço do governo atual para manter serviços e cumprir metas com orçamento comprimido.
Por Redação
A Prefeitura de Anápolis revelou, na audiência pública de prestação de contas referente ao 1º quadrimestre de 2025, um cenário fiscal delicado herdado da gestão anterior. Com uma dívida consolidada bruta que ultrapassa R$ 1,7 bilhão, o município enfrenta um dos maiores endividamentos da sua história recente, o que tem comprometido a capacidade de investimento e exigido medidas emergenciais para garantir a continuidade dos serviços essenciais.
Segundo o relatório apresentado na Câmara Municipal na última sexta-feira (27), o aumento dos empréstimos contratados entre 2017 e 2024 chegou a 813%, elevando significativamente o custo da dívida. Apenas com amortizações e juros em 2025, a Prefeitura já liquidou R$ 54,7 milhões, o que representa um salto de 88,72% em relação ao mesmo período do ano anterior. Contratos firmados nos últimos oito anos respondem por mais de 90% do passivo atual, com destaque para os financiamentos da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
O relatório também detalha que a arrecadação total da cidade caiu 14,4% em termos reais no primeiro quadrimestre, somando R\$ 642 milhões. As receitas de capital — aquelas destinadas a investimentos — despencaram 99,23%, caindo de R\$ 105 milhões para menos de R$ 1 milhão. Mesmo assim, a administração conseguiu manter superávit orçamentário de R\$ 46 milhões, resultado do corte de 14,9% nas despesas em relação a 2024, redução no número de cargos comissionados e controle rígido de gastos.
Apesar do quadro adverso, a Prefeitura manteve os índices constitucionais obrigatórios: destinou 27,42% da receita à educação (mínimo exigido é 25%) e 24,63% à saúde (mínimo de 15%). O gasto com pessoal também permaneceu abaixo do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, com 45,50% da Receita Corrente Líquida comprometida.
Com classificação “C” na Capacidade de Pagamento (CAPAG), Anápolis encontra dificuldades para renegociar a dívida com aval do Tesouro Nacional, o que trava novos financiamentos. Mesmo assim, a gestão atual tem buscado alternativas por meio de parcerias público-privadas, corte de desperdícios e foco em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura.
“A dívida que herdamos é gigantesca e compromete mais de 30% do orçamento anual com juros. Mas não vamos parar de trabalhar. Com responsabilidade, transparência e criatividade, estamos reorganizando a cidade e devolvendo os serviços à população”, declarou o prefeito Márcio Corrêa durante a apresentação do relatório.