Parlamentar compara tratamento dado à cabeleireira presa há dois anos com anistias históricas e ações do MST, alertando para “inversão de valores”.
O vereador Wederson Lopes (União Brasil) usou a tribuna da Câmara para criticar o julgamento de uma mulher, mãe de dois filhos, acusada de participar dos atos do 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, a mulher teria usado apenas um batom para pichar a estátua da Justiça, em Brasília, mas responde por crimes graves, como “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e “ação criminosa armada”.
Em seu discurso, Lopes comparou o caso a situações históricas, citando que, há décadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria defendido anistia para sequestradores e assassinos que, segundo o vereador, “mataram em luta por uma causa”. Ele mencionou que o ex-deputado Fernando Gabeira posteriormente esclareceu que o objetivo daquela luta era “implantar a ditadura do proletariado”.
O parlamentar também levantou o caso da cabeleireira Débora, presa há dois anos e que, segundo ele, pode cumprir até 14 anos de prisão. “É uma inversão de valores e narrativas que nos leva a um caminho perigoso”, afirmou. Wederson Lopes declarou que, ao abordar esses temas, sente medo, mas ressaltou: “Não posso me calar, não posso negar meus valores. Tenho mandato e não posso me omitir diante de absurdos”.
Além disso, o vereador lembrou que o Movimento dos Sem Terra (MST) invadiu e danificou o Palácio do Planalto em protestos passados sem que houvesse punições severas. A fala reforça sua crítica ao que considera um tratamento desigual pela Justiça em casos semelhantes.
O discurso de Wederson Lopes ocorre em meio ao debate sobre a proporcionalidade das penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, data em que manifestantes invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília. Enquanto defensores de medidas rigorosas argumentam que os crimes foram graves, críticos como Lopes veem exagero na criminalização de alguns participantes.
Em tempo
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta sexta-feira, 28, que a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, 39, que pichou a estátua “A Justiça”, que fica em frente a Corte, durante os atos de 8 de janeiro de 2023, deixe a Penitenciária Feminina de Rio Claro e vá para a prisão domiciliar. Ela está presa desde março de 2024, quando foi detida na oitava fase da Operação Lesa Pátria.
“Diante de todo o exposto (…), substituo a prisão preventiva de Débora Rodrigues dos Santos pela prisão domiciliar, a ser cumprida em seu endereço residencial”, diz o ministro na sua decisão. Ele atendeu a pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, após recurso apresentado pela defesa. Fonte: Revista Veja.